Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, o romeno Tristan Tzara espanta o mundo com mais uma vanguarda: o Dadaísmo ou Dadá, a mais radical e a menos compreensível de todas as vanguardas.
O Dadá vem para abolir de vez a lógica, a organização, o olhar racional, dando à arte um caráter de espontaneidade total. A falta de sentido já é anunciada no nome escolhido para a vanguarda. Dizia Tzara que dada, palavra que encontrou casualmente num dicionário, pode significar: rabo de vaca santa, mãe; certamente; ama-de-leite. Mas acabou afirmando, no movimento dadaísta: DADÁ NÃO SIGNIFICA NADA.
[caption id="" align="aligncenter" width="347" caption="Tristan Tzara"]
O principal problema de todas as manifestações artísticas está, segundo os dadaístas, em almejar algo impossível: explicar o ser humano. Em mais uma afirmação retumbante, Tzara decreta: "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta."
[caption id="" align="aligncenter" width="344" caption="Marcel Duchamp, Roda de bicicleta. Réplica do original de 1913.
O trabalho de Duchamp consiste sobretudo no questionamento gerado: uma roda de bicileta é um objeto de arte? Por quê? Qual o trabalho do artista nesse caso, uma vez que a roda é um produto fabricado em série? Se isso for arte, o que não é arte?"]
Literatura: a negação de todos os princípios e relações
A falta de lógica e a espontaneidade alcançam na literatura sua expressão máxima. Em seu último manifesto, Tzara diz que o grande segredo da poesia é que "o pensamento se faz na boca". para orientar melhor seus seguidores, cria uma receita para fazer um poema dadaísta.
Receita de poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
TZARA, Tristan. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 132. (Fragmento).
Embora muitas das propostas dadaístas pareçam infantis aos olhos contemporâneos, é preciso levar em consideração o momento em que surgiram. Em uma Europa caótica e em guerra, insistir na falta de lógica e na gratuidade dos acontecimentos talvez não fosse um absurdo, mas o espelho crítico de uma realidade incômoda.
Acesse o E-Dicionário de Termos Literários e o blog Dadaísmo para saber um pouco mais sobre esse movimento de vanguarda.
[...] Dadaísmo [...]
ResponderExcluirÓtima lembrança... Pois muitas vezes se vê o Dadaísmo como algo sem nexo sem se refletir sobre todo o pensamento vanguardista que há nele!
ResponderExcluirBeijos
Eu sempre vi muito sentido no Dadaísmo, sabe? Por isso acho válido comentar sobre essa vanguarda. :)
ResponderExcluirBeijooooo.
o dadaismos me ajuda muito. por isso aho um maximo.
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