Cubismo: a multiplicação dos pontos de vista

sábado, 28 de abril de 2012

[caption id="attachment_617" align="aligncenter" width="384" caption="Les Demoiselles d'Avignon (As senhoras de Avignon - 1907), de Pablo Picasso"][/caption]

Em 1907, a exposição da tela  As senhoras de Avignon provoca comoção na cena artística parisiense.


O quadro revela um modo revolucionário de representar a realidade, rompendo com os conceitos tradicionais de harmonia, proporção, beleza e perspectiva. Com essa obra nasce a pintura cubista, e o seu criador, Pablo Picasso, será o grande mestre do Cubismo, que marcou a arte do século XX. Além dele, também se destacarão Georges Braque e Juan Gris.




[caption id="" align="aligncenter" width="298" caption="Pablo Picasso (1881 - 1973)"][/caption]

Os artistas desejam, agora, apresentar relações e não formas acabadas. Para enfatizar essas relações, propõem diferentes pontos de vista dos quais um determinado objeto pode ser observado. É por isso que essa vanguarda se define pela sobreposição de diferentes planos.


Com essa técnica, os cubistas pretendem forçar o observador a questionar a realidade, não aceitando uma interpretação única, linear.




[caption id="" align="aligncenter" width="288" caption="Violino e jarro (1909-10), de Georges Braque"][/caption]

Na literatura, uma das características do Cubismo é a preocupação com a disposição gráfica do poema: o espaço da folha passa a fazer parte da obra, assim como os tipos empregados na composição do texto. Por exemplo, veja o poema abaixo e sua tradução.




[caption id="" align="aligncenter" width="321" caption="Il pleut, de Guillaume Apollinaire"][/caption]

Tradução literal do poema Il pleut (Chove)


"Chovem vozes de mulheres como se estivessem mortas mesmo na recordação. Chovem também vocês maravilhosos encontros de minha vida ó gotinhas, e estas nuvens empinadas se põem a relinchar todo um universo de cidades minúsculas. Escuta se chove enquanto a mágoa e o desdém choram uma antiga música. Escuta caírem os laços que te retém embaixo e em cima."


(Tradução de Sérgio Capparelli. In: Tigres no quintal. Porto Alegre: Kuarup, 1997)


 Note que o poema de Apollinaire aproxima a poesia da pintura, ao reproduzir visualmente a queda da chuva. Nessa obra, rompe-se a noção de estrofe e verso.


No Brasil, a influência dessa vanguarda aparece na obra de diversos autores. Observe como ela está presente no poema a seguir,  de Oswald de Andrade:



hípica

Saltos records
cavalos da penha
correm jaquéis e higionopolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca chá
Na sala de cocktails

ANDRADE, Oswald  de. Poesias reunidas.   In: Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974. v. 7, p. 129.



A composição do poema é claramente cubista. Para retratar o ambiente de uma corrida de cavalos na hípica, o eu lírico promove uma "sobreposição" de imagens que deslocam o olhar do leitor da pista, onde estão cavalos e jóqueis, para o público entretido pela orquestra. O resultado é uma imagem multifacetada, composta de fragmentos de diferentes planos da realidade.


Para saber um pouco mais sobre o Cubismo, acesse o site do MAC e o blog Arte Cubista.

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